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Entrevista com Paulo Gonçalves, Comandante dos Bombeiros Voluntários de Lordelo

Paulo Gonçalves, com 45 anos de idade e natural de Vila Nova de Famalicão, assumiu
recentemente o comando dos Bombeiros Voluntários de Lordelo. Com uma carreira sólida
na área de técnico de emergência pré-hospitalar desde 2005, Paulo Gonçalves é também
formador e coordenador pedagógico. A sua dedicação à segurança da comunidade é notável, refletindo-se na vasta experiência e no compromisso com o serviço público

Pode contar um pouco sobre a sua trajetória e como se tornou comandante dos BV de Lordelo?
Iniciei o meu percurso nos Bombeiros decorria o ano 2000, como estagiário nos Bombeiros Voluntário de Santo Tirso, onde me mantive por mais de 20 anos, até ao posto de Bombeiro de 1ª. Conheci o Corpo de Bombeiros de Lordelo nquanto
formador/coordenador de Formações de Tripulante de Ambulâncias de Socorro, e desde essa altura que o respeito e consideração criado foi mútuo. No final do ano de 2022 surgiu o convite para comandar esta magnífica Corporação, composta por elementos de extraordinário valor, que me receberam de forma irrepreensível e que de mim só merecem o meu melhor.

Quais as principais responsabilidades enquanto comandante dos
Bombeiros Voluntários de Lordelo?
Ser Bombeiro acarreta a responsabilidade maior de um ser humano, zelar pelo bem do próximo, em qualquer circunstância. A minha acresce no sentido de garantir a Unidade e União do Corpo de Bombeiros, zelar e garantir prontidão operacional, para que todos os Lordelenses nos sintam presentes em todas as situações, mudar mentalidades. A par, a responsabilidade de organizar, coordenar e comandar as atividades exercidas, nomeadamente a nível operacional, definindo estratégias e objetivos das missões atribuídas. Estabelecer a ponte entre Corpo Ativo e Direção, gerindo com equilíbrio as necessidades e a sustentabilidade da Associação. Neste aspeto, enaltecer o trabalho desenvolvido pelos membros da atual Direção, sempre atentos e empenhados na manutenção e melhoria das condições para os operacionais. Prova disso, a construção do nosso magnífico Quartel.


Como descreveria a importância dos Bombeiros Voluntários de Lordelo na comunidade local?
A importância dos Bombeiros na Comunidade vai muito para além de apagar fogos ou socorrer numa emergência. Estamos na primeira linha para garantir o bem estar e resposta numa multiplicidade de apoios, desde transporte para tratamentos, acompanhamento em atividades lúdicas, formação e educação. Há 53 anos que dizemos presente, e cada vez mais pretendo alargar o âmbito da nossa ação.


Quais são os maiores desafios que a sua equipa enfrenta no desempenho das suas funções?
O desafio é sempre “dar mais do que o que nos é exigido”. Manter os operacionais motivados e cultivar a vontade dos mesmos para elevar a sua atuação para patamares superiores de exigência, eficiência, disciplina e capacidade de resposta. Formar e capacitar os operacionais, aproveitando o melhor de cada um, individualmente, mas no sentido de potenciar um coletivo mais coeso e capaz. É necessário garantir que as nossas ações não falham, e que estamos sempre presentes enquanto estrutura de comando.


Que tipo de formação e preparação são necessários para ser um bombeiro voluntário?
Para ingressar como bombeiro voluntário, são exigidos alguns critérios, nomeadamente ter entre 18 e 45 anos, aptidão física e psíquica e escolaridade mínima obrigatória. Relativamente à formação, os mesmos iniciam com um curso de Instrução Inicial de Bombeiros, constituído por seis módulos, abordando vários temas, desde técnicas de socorrismo até ao combate a incêndios, com cerca de 250 horas de duração e respetivo estágio. (Durará cerca de um ano). À posteriori, a manutenção e progressão na carreira implica formação específica adequada a cada patamar.


Como é a relação da sua organização com outras entidades de resposta a emergências na região?
Mantemos uma relação de cooperação operacional e institucional, baseada na cordialidade e respeito entre pares, cientes da nossa responsabilidade e missão.


Pode partilhar algumas histórias ou casos de destaque que os Bombeiros Voluntários de Lordelo tenham enfrentado recentemente?
Tendo em consideração o meu tempo enquanto comandante, efetivamente a situação mais marcante foi o incêndio florestal que deflagrou no passado mês de agosto, pela envolvência e dimensão, que exigiu uma capacidade de resposta operacional e de comandamento mais exigente. Aproveito a oportunidade até para destacar a rápida, pronta e eficaz resposta dos “meus” Bombeiros Voluntários de Lordelo, bem como todos os elementos das restantes corporações que nos prestaram apoio.


Quais são os objetivos e metas que pretende alcançar durante o seu mandato como comandante?
Enquanto comandante pretendo dar continuidade ao bom trabalho desempenhado até aqui. Tenho como objetivo aumentar a formação dos
operacionais, melhorando a sua capacidade e competência na resposta, bem como promover o aumento de efetivos no corpo ativo. Encontramo–nos já em processo de credenciação do corpo de bombeiros como entidade formativa, o que nos permitirá alcançar a excelência. A aproximação à comunidade, com a realização de simulacros e ações de sensibilização no nosso âmbito de atuação. A manutenção e reestruturação do nosso já excelente parque de viaturas, no sentido de as manter sempre em perfeitas condições e com as devidas atualizações. A aquisição de um novo Veículo Florestal de Combate a Incêndios (VFCI) está também na lista de prioridades, bem como equipar todas as ambulâncias de socorro com Desfibrilhadores Automáticos Externos. Aumentar as receitas provenientes dos serviços prestados também é um dos objetivos a cumprir. Deixo o que mais valorizo para o final, o investimento em Equipamento de Proteção Individual, pois a segurança e bem estar de todos os operacionais é
mandatória. Elevar o espírito de União entre todos, melhorar o diálogo e fortalecer laços. Pretendo honrar com idoneidade, atitude honesta e humilde, firme e digna do cumprimento da missão a que me propus. Ainda, enquanto comandante, sou parte de uma equipa, e, como tal, não podia deixar de agradecer aos restantes membros de que dela fazem parte, pelo trabalho e empenho diário a esta causa.

Como pode a comunidade apoiar ou colaborar com os Bombeiros Voluntários de Lordelo?
O primeiro apelo à comunidade prende-se com a nossa vontade de aumentar ao número de elementos do corpo ativo. Sensibilizar todos aqueles que reúnam os requisitos para que se juntem a nós. Todos seremos sempre poucos! Depois, não podemos negar que o apoio financeiro, nomeadamente através de donativos e inscrições como sócios, nos permite a aquisição de mais e melhores instrumentos de trabalho, para melhor Servir. A comunidade civil e o tecido empresarial habitualmente são generosos, o que, desde já, agradeço em nome de todos. Ressalvar ainda o facto de nos sentirmos sempre “acarinhados”, e que assim se mantenha. Um muito obrigada aos Lordelenses.

O que o motiva pessoalmente a ser um bombeiro voluntário e a liderar esta equipa?
A minha motivação, enquanto bombeiro, permanece a mesma, e já lá vão mais de 20 anos… é independente de qualquer cargo ou posição que ocupo, e prende-se com a vontade de ajudar quem precisa, quem está necessitado de socorro e se encontra em situação de perigo. “Fazer o bem sem olhar a quem”, sempre foi
o lema. Enquanto líder desta equipa, dou primazia ao exemplo em detrimento da imposição, certo porém que existem momentos para tudo. Potenciar sempre mais e melhor, porque fazemos a diferença todos os dias, e nas nossas mãos, por vezes, temos a capacidade de minimizar o sofrimento e manter uma vida. Bombeiros são pessoas singulares, com um altruísmo incomum, abnegado
e extraordinário e os Bombeiros de Lordelo são exemplo disto mesmo.
Igual a mim próprio, humilde, resiliente e motivado na prossecução desta enorme responsabilidade que é comandar estes homens e mulheres de elevadas qualidades pessoais e operacionais….são bons… rumamos juntos a excelência.

Obrigado B.V. Lordelo

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